A confiança da indústria no Brasil teve uma leve queda em abril, influenciada por uma piora na percepção sobre o nível dos estoques e na intenção de contratações futuras, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira (28).
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 0,4 ponto em relação a março, atingindo 98,0 pontos. “A confiança da indústria piorou pela segunda vez no ano, confirmando o cenário de cautela dos empresários”, afirmou Stéfano Pacini, economista do FGV Ibre.
Segundo Pacini, a queda está relacionada a um aumento no nível de estoques, que, apesar da piora, ainda são considerados normais. Já as expectativas para os próximos meses mostram uma acomodação após um período de pessimismo quanto ao futuro dos negócios.
O Índice de Situação Atual (ISA), que avalia o momento presente do setor, também recuou 0,4 ponto, chegando a 100,1 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE), que mede a percepção sobre os próximos meses, caiu para 96,0 pontos.
Entre os componentes do ISA, o indicador de nível de estoques teve queda significativa de 3,0 pontos, atingindo 100,1 pontos — acima de 100 indica estoques excessivos. Em contrapartida, o indicador da situação atual dos negócios subiu 1,5 ponto, alcançando 99,2 pontos.
No IE, o quesito sobre a propensão a contratar caiu 3,3 pontos, indo a 98,1 pontos. Já o indicador sobre a tendência dos negócios nos próximos seis meses avançou 1,9 ponto, para 93,5 pontos, interrompendo uma sequência de cinco quedas consecutivas.
Pacini avalia que o aumento da incerteza global, impulsionado pelas políticas comerciais dos Estados Unidos, tende a impactar negativamente a confiança do setor industrial. Além disso, o ciclo de alta dos juros no Brasil, com a Selic chegando a 14,25% ao ano em março, deve intensificar os desafios para a indústria, especialmente no segundo semestre de 2025.