O setor de máquinas e equipamentos teve alta de 15,2% no faturamento no primeiro trimestre de 2025, atingindo R$ 67,5 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O destaque ficou por conta das máquinas agrícolas, que somaram R$ 15 bilhões, cerca de 25% da receita líquida total. Máquinas para alimentos, bebidas, logística e construção civil — a chamada “linha amarela” — também apresentaram forte desempenho.
“Outro segmento que tem investido bastante é o de infraestrutura, boa parte ligada a municípios e governos”, afirma Cristina Zanella, diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq.
Ainda que os resultados sejam positivos, especialistas alertam que parte da recuperação se deve à base de comparação baixa, após três anos de retração. Também há preocupação com o aumento de importações e com as incertezas macroeconômicas para o segundo semestre.
Atualmente, a Abimaq representa cerca de 9 mil empresas ligadas à indústria de transformação — segmento responsável por aproximadamente 10% do PIB nacional. Em 2025, o setor emprega mais de 23 mil pessoas, com crescimento de 1,6% em relação ao ano anterior, e apresenta carteira média de 9,3 semanas para entrega de pedidos.
Mercado interno impulsiona faturamento, mas exportações recuam
Das receitas totais, R$ 51,6 bilhões vieram do mercado interno — alta de 18%. A expansão foi puxada principalmente pelos setores de agricultura, logística e construção civil. Já as exportações somaram US$ 2,7 bilhões (R$ 15,3 bilhões), registrando queda de 5,8%, influenciadas pela retração de 30% nas vendas para Estados Unidos, México, Canadá e Singapura.
Em contrapartida, houve crescimento nas exportações para a América do Sul (12,9%), com destaque para a Argentina, e Europa (16,4%). Cristina Zanella avalia que, apesar da baixa, a expectativa é de recuperação nos próximos meses.
Alta nas importações pressiona a indústria nacional
Em março, o faturamento interno de R$ 18 bilhões impulsionou o consumo aparente para quase R$ 34 bilhões, uma alta de 16,8%. No entanto, a participação das importações nesse consumo subiu de 45% em 2024 para 48% em 2025.
No trimestre, as importações aumentaram 30% em valor, com destaque para produtos da China. A desvalorização do real, que reduziu os preços das máquinas em cerca de 7,4%, contribuiu para esse cenário. Especialistas apontam que o setor enfrenta dificuldades de competitividade, agravadas por juros altos, infraestrutura precária e sistema tributário complexo.